Você nunca mais vai voltar
e nem eu.
Nós morremos um para o outro.
Tudo morreu.
De tanto cheirar a poesia
logo cheiro à poesia. Desde pequena a lendo sem parar como uma forma de me alegrar ou chorar de me revoltar e me manifestar. Escrevê-la porque a tenho viva em minhas entranhas correndo pelas minhas veias aqui junto de meu sangue fazendo parte de minha identidade me dando a vida quando o mundo me tira.Quando nasci
feito uma feminista pra vida
minha mãe me disse:
- Vai, Fernanda, fazer protestos pelas avenidas!
estou muito mais no passado do que no presente
estou muito mais no passado do que no futuro
quando estou no presente eu tenho medo do futuro
então eu corro ao passado sem querer abraçá-lo
e caminho ao suicídio indireto fazendo o presente ir embora.
poucas vezes estou no presente de verdade!
tempos "verbais-mentais" que não eram tão latentes assim
e que nos últimos anos se tornaram um pêndulo para mim
não me deixando sentir o eixo, o meio, o centro, o presente
pois ele em movimento só faz casa nas extremidades.
muitas vezes eu não sou nem monossilábica
eu "simplesmente" não respondo
mesmo a minha mente trabalhando a todo vapor
e não é intencional, geralmente não é
mas aprendi as duras penas que às vezes pode ser bom
justamente por ser "necessário" não dizer, sequer
qualquer letra que seja ou não fazer som algum
de ser feito um "isolamento" que não tem a ver com solidão
mas com silêncio
é o encontro e o respeito com o momento
com o meu momento.
antes eu me culpava muito, agora não.
Minhas polaridades se chocam
elas choram, elas gritam
deprimem e se entusiasmam
fora do equilíbrio adequado
e longe do que se entende
por dupla polaridade
de ser triste e alegre em semanas diferentes
porque não é bem assim
não é nada disso que falam por aí
é péssimo pra caralho
porque quando você afunda
parece que o fundo não tem fim.
A paixão é cega e cheia de egos
ela não enxerga nada
sonha feito criança abestada
e faz até festa pra sonhar mais alto
antecipa o futuro, vive ansiosa, é possessiva
pra ficar presa junto dos bichos numa gaiola.
Então a paixão, muitas vezes, começa a te atormentar até que se torna pesadelo.
Porque num dia és tudo
e noutro já não és nada.
Mas o amor também é tempestade
chuvas intensas em liberdade
ora de mãos dadas, ora de mãos estendidas
no seu rítmo, um passo de cada vez
como quem sobe uma escada
como quem dança uma valsa.
O amor é construção e não é nada fácil.
Das vezes em que fui mais, eu fui quase nada.
Das vezes em que fui menos, eu fui quase tudo.
Hoje eu quero ser o ser mais invisível neste mundo
mas o mais percebível no meu mundo.
Quero me casar comigo mesma
me aceitando na saúde ou na doença
na tristeza ou na felicidade
me amando ou seja lá como for
em qualquer polaridade e tempestade
um sim de mim para mim
até a morte
porque vai ser assim.