10 maio, 2015

No silêncio

Disputar quem tem mais culpa
ou argumentar a igualdade da culpa
a igualdade da mágoa 
quanta coisa que cansa
e a vida que passa.

Eu quero me libertar de aflições involuntárias
somos livres para escolher outros caminhos
para deixar de cutucar feridas
para enxergar os nossos próprios movimentos
e perceber o quanto a gente mesmo se golpeia. 

O tempo quanta coisa nos revela
ele nos dá, ele nos tira
a gente sapateia se ele tira, 
mas só depois de muitas voltas no ponteiro do relógio
a gente entende do que se livra
ou do que nunca daria certo. 


01 maio, 2015

Sobre dar o rumo

Pessoas são diferentes
umas alegres, sorridentes
e outras que mostram
somente os dentes.

Há quem goste de dançar
de falar sobre tudo,
há quem veja a vida
quem ame o mar,
e quem beije profundo.

Têm os que tentam, persistem
têm também os que dão murro em ponta de faca.

Há os que falam, os que silenciam
também quem dialoga
e quem debata.

Têm  os que te incluem
e os que te excluem,
os que te amam e os que te matam.

Têm também os espertos e os bobos,
como disse Clarice.

Tem tanta coisa para gente ser e escolher,
tem tanta coisa para gente querer ou se afastar.

Árvores e homens

As árvores perdem suas folhas
porque envelhecem ou porque o vento leva
mas o tempo quase sempre traz as novas.

Depois de descer a rampa
sempre olho para elas
esperando o tempo de novas folhas
se secas os pássaros quase que não cantam.

Ver a árvore é ver o espelho da gente
às vezes estamos cheios de folhas, frutos e flores,
mas às vezes estamos "cheios de nada",
ficamos secos, nus,
esperando a próxima estação chegar.

O ser humano floresce,
no entanto, infelizmente, nem todos.

Tem árvore que já foi florida e já foi verde ou alaranjada
mas hoje é seca em qualquer dia do ano.

Nessa, uma beleza triste de se contemplar.