07 julho, 2014

Cirrose

Saudades de Manoel
que adoeceu no quintal do bordel
tomando uísque e escrevendo um cordel.

Para não ficar sóbrio e não ver o próprio sombrio
Manoel engolia seco o gosto do fel
mas disfarçava como se fosse mel.

E naqueles olhos amargos
amou a tal da prostituta - Dona Céu!

Mulher dos seios fartos
cabelos coloridos - avermelhados.
Atendia o deputado
o padre e o pastor
mais o primo do coronel Nestor.

E seu Manu morria
a cada gemido que ouvia uma lágrima escorria
então outro gole ele dava pra ver se o tímpano estourava
e aquele som de repente feito caco o cegasse.

E  Dona Céu às vezes apanhava
de clientes que porque pagavam,
abusavam.

E nesta loucura um dia o álcool não segurou o Manoel
ele meteu foi o pé na porta pra matar o primo do coronel
mas o moço tava armado
e Dona Céu entrou na frente do escritor bebum
quando o gatilho foi disparado.

Direto na cabeça - o sangue escorria!

Manoel com os escritos dele numa folha de papel
agachou-se para abraçar sua amada falecida
e sabia que aquela cena se repetiria por muitas vezes nas horas do dia
pela lembrança do último respiro
da moça que ele contemplava
em todas as poesias que escrevia.